Uma Novela
Ana Karina Luna
Lua Negra Cartonera, 2020
152 páginas
ISBN: 978-65-00-14389-8
Artesanal: feito à mão.
(cada livro é levemente diferente, um original)
Sinopse | Testemunhos | Fotos | Trecho
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Dentro de um apartamento e de uma rotina mundana de classe média-baixa desenrola-se a relação de Mário e Rosina. Em apenas 45m² cabem as neuras do casal: seus encontros e desencontros. Há gaiatice, há gargalhada, há páginas ilustradas; e há um enorme silêncio feminino.
Esta é uma história antiga — o encontro-embate dos sexos que tanto perdura — o constante “bate e assopra” que se disfarça dentro da vida de um casal. Mário é um adorável cafajeste. Rosina quer ser levada a sério (mas parece que vive entre parênteses); e assim a narrativa de Mário-Rosina não deixa de desnudar sutilmente suas violências.
A história passeia por uma “contemplação do comportamento machista” (e seus fiéis aliados, o narcisismo masculino e o silenciamento feminino), e não só bisbilhota a poética feroz escondida nos encontros amorosos, perpassada por um erotismo muito sensorial — seja no mundo da mecânica ou no da cozinha — mas, como diria Virginia Woolf, manifesta um inverso necessário: narrado na primeira pessoa do masculino, mas escrito por uma mulher — numa apropriação, numa quase incorporação — Mário não é apenas um masculino, é um masculino fabulado por um feminino.
Despretensiosa e tocante, a narrativa traz um conjunto de inovações que produz um texto com um humor novo, ao mesmo tempo leve e intenso, mas com implicações profundas. A história comove pela palpável simplicidade com que fala da condição humana, com que faz rir do desencontro amoroso, sem pieguice, numa linguagem autoral, simples e ao mesmo tempo criativa, sem medo do novo. “Mário (& Rosina)” é dedicado aos homens.
Um livro feminista.
Este é um Livro Cartonero, publicado por uma editora independente nutrida por mulheres.
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"Mário e Rosina são muito reais e envolventes. Molhei algumas páginas, chorei mesmo. A identificação bateu forte em certas situações. Um amor complicado, conturbado, aquele fluxo de pensamento dos dois — às vezes, o da Rosina também entra em cheque, com as cartas. Confusão mental, todo mundo embaralhado. Foi praticamente uma sessão de análise. Gostei muito!"
- Afonso Vasconcelos, Blog Alagoas Boreal
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"A criação de neologismos usados pela personagem Mário, por exemplo, levanta uma questão muito interessante. Os neologismos misturam-se com um tipo muito próprio de corruptelas de palavras pouco conhecidas ou não compreendidas pelo narrador protagonista, que resolve suas dúvidas criando esses novos termos. E o uso de palavras do campo semântico da oficina e da profissão de mecânico – graxa, resina, marcas de carro e muitas outras – para fazer suas metáforas, para falar de seus sentimentos, faz da fala de Mário algo absolutamente imprevisível para o leitor."
- Maria Heloisa M. de Moraes,
Doutora, professora de literatura.
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"Um livro despretensioso e FORTE.”
- Tribuna Independente
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"Triste desfecho para Mário. Rosina de uma só tacada ‘descobre-se’ mulher de vontade e decisão e, em suas múltiplas justificativas, encerra maravilhosamente a história. Quer ser e não pede licença, quer ser levada a sério. Excelente!”
- Izabel Brandão,
Doutora, professora de literatura.
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Leia a resenha completa de Maria Heloisa M. de Moraes sobre "Mário (& Rosina)" →
Leia a resenha de Izabel Brandão (doutora, professora de literatura) sobre "Mário (& Rosina)" →
Leia a matéria da Tribuna sobre "Mário (& Rosina)" →
Veja a entrevista no "Bom Dia Alagoas" →
Este é um Livro Cartonero, movimento latino-americano de escritorxs e editoras independentes que recicla papelão para produzir livros num modelo matrístico: sustentável e artesanal. Foi iniciado por catadoras de lixo na Argentina. A autora escolhe, coleta, desmembra e corta caixas que viram capas de papelão reciclado, ilustradas manualmente, assim como o foram os originais das delicadas geometrias que adornam certas páginas. Os livros são costurados um a um e numerados: cada, um original. Cartoneras “disrupcionam” a ordem de publicação e resgatam a autonomia da escritora.
Da criação literária, à ilustração, à produção artesanal, à publicação — tudo é forjado por uma mulher-autora-publicadeira em sua casa-atelier-templo. Boa leitura!
Sobre o Movimento Cartonero →
Catálogo da Lua Negra →
"Toda vez que a Rosina se agachava, eu esperava. É agora, eu pensava. Se houvesse um espelho, tenho certeza, absoluta, que eu me veria vestindo a coroa do rei que eu estava a ponto de me tornar. O Reinado da Era da Águas do Chuveiro. E seja lá o que acontecesse, não haveria decepção — a não ser quando ela inventava de lavar o cabelo e eu não tinha paciência de esperar e saía do box. Vê se pode isso, ir lavar o cabelo nunca hora dessas! Às vezes, eu acho as mulheres muito insensíveis. Imaturas. Bem, teve uma vez, um dia, em que eu estava um lixo de cansado, lá vem a Rosina. Esfregão. Primeiro, começou com umas perguntinhas bobas. E eu lá, me fazendo de tonto. Bla-bla-blá no meu ouvido. “E aqui, Mário?” E isso, e aquilo, aqui dói? Não sei o que tanto ela precisava saber. Aí, num supetão, já foi enfiando a mão onde não devia. Êpaa! Dei um pulo, quase me espatifei no chão."
- trecho de "Mário (& Rosina)"